quinta-feira, 23 de março de 2017

Bem-aventurado Dom Oscar Romero - 24 de Março


Dom Oscar Romero
Bem-aventurado
Arcebispo
1917-1980
Oscar Arnulfo Romero Y Gadamez nasceu em 15 de agosto de 1917, em Ciudad Barrios, em El Salvador. Sua família era numerosa e pobre. Quando criança, sua saúde inspirava cuidados. Com apenas 13 anos entrou no seminário. Foi para Roma completar o curso de teologia com 20 anos e se ordenou sacerdote, em 1943.
Retornou a El Salvador, na função de pároco. Era um sacerdote generoso e atuante: visitava os doentes, lecionava religião nas escolas, foi capelão do presídio; os pobres carentes faziam fila na porta de sua casa paroquial, pedindo e recebendo ajuda. Durante 26 anos, na função de vigário, padre Oscar Romero conheceu a miséria profunda que assolava seu pequeno país.
A maioria dos países sul-americana vivia duras experiências de ditaduras militares, na década de 1970. Também para El Salvador era um período de grandes conflitos. Em 1977, padre Oscar Romero foi nomeado Arcebispo de El Salvador, chegando à capital com fama de conservador. No fundo era um homem do povo, simples, de profunda sensibilidade para com os sofrimentos da maioria, de firme perspicácia aliada à coragem de decisão.
Em 1979, o presidente do país foi deposto pelo golpe militar. A ditadura se instalou no país e, pouco a pouco, se acirrou a violência. Reinou o caos político, econômico e institucional no país. De janeiro a março de 1980 foram assassinados 1015 salvadorenhos. Os responsáveis pertenciam às forças de segurança e às organizações conservadoras do regime militar instalado no país.
Nessa ocasião, dois sacerdotes foram assassinados violentamente por defenderem os camponeses, que foram pedir abrigo em suas paróquias. Dom Romero teve que se posicionar e, de pronto, se colocou no meio do conflito. Não para aumentá-lo, mas para ajudar a resolvê-lo. Esta atitude revelou o quando sua espiritualidade foi realista e o seu coração, sereno e obediente ao Evangelho.
No dia 24 de março de 1980, Dom Romero foi fuzilado, em meio aos doentes de câncer e enfermeiros, enquanto celebrava uma missa na capela do Hospital da Divina Providência, na capital de El Salvador.
Sua ação pastoral visava ao entendimento mútuo entre os salvadorenhos. Criticava duramente tanto a inércia do governo, as interferências estrangeiras, como as injustiças praticadas pelos grupos "revolucionários". O Arcebispo Dom Oscar Arnulfo Romero foi fiel a Igreja, e pagou com a vida o preço de ser discípulo de Cristo. O seu nome foi incluído na relação dos 1015 salvadorenhos que foram assassinados, em 1980.
Em 23 de maio de 1985, 35 anos depois do seu assassinato, Dom Oscar Romero foi beatificado pelo Papa Francisco.
http://www.comeceodiafeliz.com.br/santo/bem-aventurado-dom-oscar-romero

SÃO ROMERO DE AMÉRICA PASTOR E MÁRTIR

O anjo do Senhor anunciou na véspera...
O coração de El Salvador marcava
24 de março e de agonia

Tu ofertavas o Pão,
O Corpo Vivo
- o triturado Corpo de teu Povo:
Seu derramado Sangue vitoriosa
- O sangue "campesino" de teu Povo em massacre
que há de tingir em vinhos e alegria a Aurora conjurada!

O anjo do Senhor anunciou na véspera
e o verbo se fez morte, outra vez, em tua morte.
Como se faz morte, cada dia, na carne desnuda de teu Povo.

E se fez vida Nova
Em nossa velha Igreja!
Estamos outra vez em pé de Testemunho,
São Romero de América, pastor e mártir nosso!
Romero de uma Paz quase impossível, nesta Terra em guerra.
Romero em roxa flor morada da Esperança incólume de todo Continente
Romero desta Páscoa latino-americana.

Pobre pastor glorioso,
assassinado a soldo,
a dólar
a divisa.
Como Jesus, por ordem de Império.
Pobre pastor glorioso,
abandonado
por teus próprios irmãos de Báculo e de Mesa.
(As Cúrias não podiam entender-te:
Nenhuma Sinagoga bem montada pode entender a Cristo)

Tua pobreza sim te acompanha,
em desespero fiel,
pastor e rebanho, a um tempo, de tua missão profética.
O Povo te fez santo.
A hora do teu Povo te consagrou no "Kairós".
Os Pobres te ensinaram a ler o Evangelho.

Como um Irmão
ferido
por tanta morte irmã,
tu sabias chorar, a sós, no Horto.
Sabias ter medo, como um homem em combate.
Porém sabias dar a tua palavra,
livre,
o seu timbre de sino.
E soubeste beber
O duplo cálice
do Altar e do Povo
com essa mesma mão consagrada ao Serviço.
América Latina já te elevou à glória de Bernini
- na espuma-auréola de seus mares,
no retábulo antigo de seus Andes,
no dossel irado de todas suas florestas,
na cantiga de todos seus caminhos,
no calvário novo de todos os seus cárceres,
de todas suas trincheiras
de todos seus altares... 
na ara garantida do coração insone de seus filhos!
São Romero de América, pastor e mártir nosso,
ninguém
há de calar
tua última Homilia!
Dom Pedro Casaldáliga - Bispo de São Felix do Araguaia - MT (1980)
Fonte: Paulinas em 2014

Dom Oscar Romero "Sem efusão de sangue não há remissão.¨ Hb 9,22b

Hoje é um dia especialíssimo para nós, na América Latina. No dia 24 de Março de 1980, o Arcebispo de San Salvador, Dom Oscar Romero, foi morto no altar, misturando seu sangue com as ofertas que estava apresentando a Deus, pelo povo sofrido. Seu último sermão, gravado na maior clareza possível, naquele instante da Morte, foi um apelo de justiça e paz. E quando terminou a gravação, ouviram-se também na fita os tiros, que lhe arrebataram a vida terrena.
Eu mesmo me comovi diante dessa gravação, porque se tratava de um grande amigo meu, com quem me encantara e que se correspondia comigo. Escreveu-me um bilhete, que recebi depois que ele fora assassinado. Ele mesmo, no entanto, profetizara: ¨Ressuscitarei em meio ao meu povo. Vivo dentro do povo". 
Todo verdadeiro santo continua ressuscitado e vivo no meio do povo.
http://www.acidigital.com/santos/santo.php?n=255

Beato Dom Oscar Romero



Dom Oscar Romero, “bispo e mártir, pastor segundo o coração de Cristo, evangelizador e pai dos pobres, testemunha heroica do Reino de Deus, reino de justiça, fraternidade e paz”. Beatificado em 23 de maio de 2015 está sendo celebrado hoje pela primeira vez na Igreja.
“Uma religião de missa dominical, mas de semana injusta, não agrada ao Senhor. Uma religião de muitas rezas e tantas hipocrisias no coração, não é cristã. Uma Igreja que se instala sozinho para estar bem, para ter muito dinheiro, muita comodidade, mas que se esquece do clamor das injustiças, não é verdadeiramente a Igreja de nosso divino Redentor” (04/12/1977).
“Quando nos chamarem de loucos, embora nos chamem de subversivos, comunistas e todas as ofensas que atacam contra nós, sabemos que não fazem mais que pregar o testemunho ‘subversivo’ das bem-aventuranças, que anima a todos para proclamar que os bem-aventurados são os pobres, bem-aventurados os sedentos de justiça, bem-aventurados os que sofrem” (11/05/1978).
“Uma Igreja que não sofre perseguições, e que está desfrutando dos privilégios e o apoio da burguesia, não é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo” (11/03/1979).
Oscar Arnulfo Romero nasceu em agosto de 1917 numa família modesta em Ciudad Barrios (El Salvador). Aos 14 anos, ingressa no seminário, mas seis anos depois afasta-se para ajudar a família que estava com dificuldades. Passa a trabalhar nas minas de ouro com os irmãos. Retoma os estudos e é enviado para Roma para estudar teologia, na Universidade Gregoriana. Romero é ordenado sacerdote em 1942, regressa a El Salvador e assume uma paróquia do interior. Foi depois transferido para a catedral de San Miguel, onde fica por 20 anos. Sacerdote dedicado à oração e à atividade pastoral, dedica-se a obras de caridade, mas sem nenhum particular empenho reconhecidamente social.
Em 1970 é nomeado Auxiliar de San Salvador. O Arcebispo Luis Chávez y Gonzalez busca atualizar a linha pastoral de acordo com o Concílio Vaticano II e a Conferência de Medellín. Mas Romero não se identifica integralmente com a linha pastoral proposta. Em 1974 é nomeado bispo da diocese de Santiago de Maria no meio de um contexto político de forte repressão, sobretudo contra as organizações camponesas.
No ano seguinte, a Guarda Nacional executa cinco camponeses e Dom Romero celebra missa pelas vítimas. Ele não faz uma denúncia explícita do crime, mas escreve uma carta severa ao presidente Molina.
Em 1977, Dom Oscar Romero é nomeado Arcebispo de San Salvador. Pouco tempo depois, é assassinado o jesuíta padre Rutílio Grande, empenhado na luta do povo e ligado a Dom Romero. Dom Oscar Romero afirmou que foi o exemplo do Padre Rutilio e sua morte que o convenceram a ficar firmemente ao lado dos pobres e dos injustiçados de El Salvador. Esse é o momento em que ele reavalia a sua posição e coloca-se corajosamente junto dos oprimidos, denunciando a repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela aliança entre os setores político-militares e econômicos, apoiada pelos Estados Unidos da América. O Arcebispo denuncia também a violência da guerrilha revolucionária. As suas homilias são transmitidas pela rádio católica, dando esperança à população e provocando a fúria dos governantes.
Em outubro de 1979, um golpe de Estado depõe o ditador Humberto Romero. Uma junta de civis e militares assume o poder, e nesse cenário, exército e organizações paramilitares assassinam centenas de civis (entre eles sacerdotes). A guerrilha responde com execuções sumárias.
Em fevereiro de 1980, Dom Romero escreve ao presidente dos EUA, Jimmy Carter, um apelo para que ele não envie ajuda militar e econômica ao governo salvadorenho e para não financiar a repressão ao povo.
Os dias do pastor estavam contados. Ele sabia. E o dizia claramente. São conhecidas o sem número de vezes em que anunciou sua morte próxima. Recorda os anúncios da Paixão feitos por Jesus do Nazaré e que os evangelhos recolhem. Com muita clareza, afirmava: “Se nos cortarem a rádio, se nos fecharem o jornal, se não nos deixam falar, se matarem todos os sacerdotes e até o arcebispo, e fica um povo sem sacerdotes, cada um de vocês deve converter-se em microfone de Deus, cada um de vocês deve ser um mensageiro, um profeta”.
Duas semanas antes de sua morte, em uma entrevista ao jornal Excelsior, do México, disse:
“Fui frequentemente ameaçado de morte. Devo lhe dizer que, como cristão, não acredito na morte sem ressurreição: se me matarem, ressuscitarei no povo salvadorenho. Digo isso sem nenhuma ostentação, com a maior humildade. Como pastor, sou obrigado, por mandato divino, a dar a vida por aqueles que amo, que são todos os salvadorenhos, até por aqueles que me assassinem. Se chegarem a cumpri-las ameaças, a partir de agora ofereço a Deus meu sangue pela redenção e ressurreição do Salvador. O martírio é uma graça de Deus, que não me sinto na situação de merecer, entretanto, se Deus aceitar o sacrifício de minha vida, que meu sangue seja semente de liberdade e sinal de que a esperança se transformará logo em realidade. Minha morte, se é aceita Por Deus, que seja pela liberação de meu povo e como testemunho de esperança no futuro. Pode escrever: se chegarem a me matar, desde já eu perdoo e benzo aquele que o faça”.
No dia 24 de março de 1980, – Domingo de Ramos – às 6 h da tarde, Dom Oscar celebrava missa na capela do Hospitalito, hospital de religiosas que cuidavam de doentes de câncer. No momento da consagração, o tiro desfechado por um atirador de elite escondido atrás da porta traseira da capela atingiu o coração do pastor e matou-o imediatamente.
Calava-se assim a voz que defendia os pobres no regime cruel e sangrento que dominava El Salvador. E Monsenhor Romero passaria a estar vivo, a partir de então, no coração de seu povo, no qual profetizou que ressuscitaria, se o matassem. Assim foi e assim é. Não existe um só salvadorenho nos dias de hoje que não fale com carinho extremo de Monsenhor Romero e não reconheça nele um pai e um protetor.
Para inúmeras comunidades cristãs do continente americano, Oscar Romero passou a ser considerado santo desde o dia do seu martírio. Chamam-lhe São Romero da América Latina pelo seu empenho em favor da paz, sua luta contra a pobreza e a injustiça.
Foi beatificado no dia 23 de maio de 2015 numa cerimônia que reuniu centenas de milhares de pessoas na Praça do Divino Salvador do Mundo, em El Salvador.
A Missa foi presidida pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, com a participação de vários chefes de Estado e de Governo, para além dos vice-presidentes de Cuba e Costa Rica.
O cardeal italiano leu a carta apostólica em latim com que o Papa Francisco proclama o Beato Oscar Romero, “bispo e mártir, pastor segundo o coração de Cristo, evangelizador e pai dos pobres, testemunha heroica do Reino de Deus, reino de justiça, fraternidade e paz”.
http://www.epifania.org.br/beato-dom-oscar-romero/

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